sábado, 9 de agosto de 2008

RIVUS

A água mede o tempo em reflexos vítreos. Mudez
de clepsidras, no sobrecéu ascendem

(como anjos suspensos numa casa barroca),
e em presença de ausências o tempo
se distende. Uns seios de perfil, sono embalando
a rede, campânula encurvada pelas águas da chuva.

No horizonte invisível, dobras de anamorfoses;
sombras que se insinuam, a matéria mental.


SCHISMA

Cobre se refletindo a ouro-fio nos olhos:
sem pano nem cordame, os móbiles oscilam, barcos
sem rumo, a esmo (desertos), rio adentro
(no leito cambiante), sem remo ou vela
ao vento. Vogam no entremeio, rio afora,
no linde (os sonhos) – superfície.


(Poemas de Josely Vianna Baptista, do livro Sol sem nuvens,

impresso pela editora Perspectiva, na coleção Signos.)

Nenhum comentário: