domingo, 24 de fevereiro de 2008

Solda



O casamento converte o homem com futuro
em homem com passado.


George Bernard Shaw (1856/1950)

Ô, Karl, metafísico demais pra qualquer comentário. Talvez seja bacaninha como metáfora. Mais nada. Amplexos.

Resposta de Fábio Brüggemann ao preceito búdico:

Antes que a primeira vela se acendesse,
a vela já estava acesa.

Ver o poético Chaplin
no inesquecível
balé dos pães.

Dedico este vídeo
à Sandra Vianna,
que o adora.

http://br.youtube.com/watch?v=KoC_KbhILjo


O carrasco nazista Göring cometeu suicídio em 1946
O ÚLTIMO DIA DE AL CAPONE

Poucos depois, num Domingo de Ramos, morreu Al Capone, com os testículos estraçalhados no ventilador. O que foram fazer ali? Chora, leitor, se tens lágrimas, por este Al Capone e seus testículos perdidos. Os mafiosos quando envelhecem, mansos e peludos, com as bolotas nas virilhas, só pensam em nabo e onde colocar o nabo. Como todo mafioso termina só – o nabo acaba sendo de quem convive com o nabo, – diria Lucrecius, na Roma antiga.

Al Capone não morreu súdito nem vencido. O esforço que, nas últimas semanas, fazia para abrir a torneira não durava muito; a dentadura despencou outra vez no lavabo; o rosto conservou porventura uma expressão pálida de tísico.

Escrevo aqui o fim de Al Capone – o scarface –, que adoeceu, também, por causa do prego que enfiou no pé; ganiu infinitamente. Antes de findar a agonia, que não foi curta, Al Capone pôs coroa gelada na cabeça, – coroa que, na realidade, era apenas uma tosca bacia de alumínio, dessas usadas para guardar roupa. No seu último dia de vida, Al Capone ainda tentou pegar o vento, pegou em nada, levantou nada e só ele pensava que a bacia de alumínio em sua cabeça era uma coroa imperial, de ouro maciço e cristais do oriente.

Amanheceu morto na rua, com o silêncio de uma sereia enterrado no tímpano, o que é muito mais terrível – o silêncio dela. Antes houvesse escutado as cantatas de Bach.

Eis, para sempre morto, o Al Capone que chega, neste milésimo de segundo, às regiões infernais. O carrasco Göring, escolhido por Satanás para cuidar de Al Capone, não quis nem conversa com ele e, atendendo à letra fria da lei do geena (Do grego géenna,és: “lugar de tortura”), ou porque estava encharcado de rum, desferiu machadadas a todos os lados: Al Capone foi se desviando, Göring fincava o machado no ar, Al Capone fugia em direção ao nada, ao inferno – inferno este que o dogma sujou –, e que é, em vida, já ter a alma morta. O carrasco Göring continua desferindo machadadas que zunem no exíguo espaço do calabouço onde Al Capone não tem um minuto de sossego. Göring dorme apenas 1 hora por dia. Al Capone aproveita e dorme também. Quando Göring acorda é aquela correria atrás de Al Capone, que já se tornou mestre na arte de se desviar de machadadas. Mas Göring está envelhecendo a olhos vistos. Para ele não murmuram as sombras do amor. O pesado machado machuca-lhe as mãos delicadas de diabo. Göring sente sono, um sono imenso, deita no catre, depois de ter encostado o machado na parede. Göring, hoje, não vai dormir apenas 1 hora. Göring nunca mais vai acordar – o coração apodreceu.

E, Al Capone, sem caber em si de tanta alegria, respira pela primeira vez no inferno, livre de seu algoz, este Göring morto para sempre.

Al Capone, exausto de tanto não dormir, caiu em sono profundo e sonhou que estava deitado num sofá – à direita a mesinha de chá, à esquerda o rádio – na parede mais ao fundo havia um quadro de Rembrandt – nele, o mestre holandês pintou a luz da manhã que, não sendo Deus nem nada, é apenas a presença da luz – palavra esta criada, segundo o Dicionário Houaiss, no ano de 1041 a.C.

AS ORIGENS DA DANÇA DO VENTRE


Etimologicamente, o termo Dança do ventre é a tradução do inglês americano Bellydance, e do árabe Raqs Sharqi --- literalmente Dança do Leste.

A Dança do Ventre é uma dança do Período Matriarcal, cujos movimentos revelam sensualidade, de modo que em sua forma primitiva era considerada um ritual sagrado. Sua origem data de 7000 anos atrás, relacionada aos cultos primitivos da Deusa-Mãe: provavelmente, por este motivo, os homens eram excluídos de seu cerimonial.

Suas manifestações primitivas, cujos movimentos eram bem diferentes dos atualmente executados, tiveram passagem pelo Antigo Egito, Babilônia, Síria, Índia, Suméria, Pérsia e Grécia, tendo como objetivo, através ritos religiosos, o preparo de mulheres para se tornarem mães.

Sua origem é controversa. É comum atribuir sua origem a rituais oferecidos em templos dedicados à deusa Ísis, em agradecimento à fertilidade feminina e às cheias do rio Nilo, as quais representavam fartura de alimentos para a região; embora a Egiptologia afirme que não há registros desta modalidade de dança nos papiros --- as danças egípcias possuíam natureza acrobática.

É possível que alguns de seus movimentos, como as ondulações abdominais, já fossem conhecidos no Antigo Egito, com o objetivo de ensinar às mulheres os movimentos de contração do parto. Com o tempo, foi incorporada ao folclore árabe durante a invasão moura no país, na Idade Média. Tendo sido influenciada por diversos grupos étnicos do Oriente, absorveu os regionalismos locais, que lhe atribuíam interpretações com significados regionais.

Surgiam, desta forma, elementos etnográficos bastante característicos, como nomes diferenciados, geralmente associados à região geográfica em que se encontrava; trajes e acessórios adaptados; regras sobre celebrações e casamentos; elementos musicais criados especialmente para sua nova forma; movimentos básicos que modificaram a postura corporal e variações da dança. Nasce então, a Dança Folclórica Árabe.

A dança começou a adquirir o formato atual, a partir de maio de 1798, com a invasão de Napoleão Bonaparte ao Egito, quando recebeu a alcunha Danse du Ventre pelos orientalistas que acompanhavam Napoleão. Porém, durante a ocupação francesa no Cairo, muitas dançarinas fogem para o Ocidente, pois a dança era considerada indecente, o que leva à conclusão de que conforme as manifestações políticas e religiosas de cada época, era reprimida ou cultuada: o Islamismo, o Cristianismo e conquistadores como Napoleão Bonaparte reprimiram a expressão artística da dança por ser considerada provocante e impura.
Ver a dança do ventre,
com Salome Rakset el Fadaa.

Dedico este vídeo à Vivi Coimbra.

http://www.youtube.com/watch?v=mdvWPP8HmsE&feature=related

Acesse já o blog
do inoxidável Solda:
único

www.cartunistasolda.blogspot.com
A janela acesa despintava no peitoril sinequanon. Eustáquio Teustáquio procurava um empalhador de palavras.

Eustáquio Teustáquio, sabem como é, o Nossostáquio, estava parafernaliando entre as postetutas da Rua Chuelo, aquela infestada de Mariaposas. Nostácio não andava bem do patíbulo e enroscava o balaústre nas pérgulas do pároco. Parábolas mirabolantes lhe atravessavam o mirante desabotoado, empinando coitos nas páginas amarelecidas dos Alfa Rábius.

Não cabendo em si, entrol no barboteco e pediu dois dedos de cedilhas, ao alegrete. O barçom estranhou o trigode que escondia metade do resto de Nostácius, mas acabou servindo o pratinho feio de cedilhas, das importadas, aos solavancos e solevantes.

— Por Tutatis! Barbituricou Bosstácius.
— Por Tutatis! Homeopáticus!

Estas cedilhas cedilham esôfago abaixo saltitontas, como nas fábulas fantastibulosas de toldos os ambrosebierces e millôres da riodondeza!

Restros de luz embelheciam o barboteco àquela hera da madrugadália. Foi quando entrol Heptandria, num vestido e havido como gerúndio, embora a desconfiança fosse geral do galvão ferraz, impávido na montanha de Fócida --- dessas consagradas a Apolo, Parnaso, se me entendem --- repartindo o cabelo entre o paroxismo e a rubrica mal desenvolvida.

Heptandria brilhava de posméticos e ledosivos. Saiu de trás do biombro e salcudiu o açúlcaro, como se pretendesse emporcalhar o chafé soçaite. Teustáquio abalroou uma mariaposa e desferiu-lhe o supersério, acenando-lhe bipétalo. A mariaposa, rubirosa, chamou dois esmagas que faziam a renda da rendondeza e correu para os braços de Morfeltro. Formou-se a confuciozão. Heptandria fugiu para o bardel e truncou-se em ásdecopas, dando uma de joão-de-bruços. Uma cirene argentina desatou em marlombrandos, dos magros. E vieram as leziras e os lamarões de água parada e decomposta ao sol. Tonto, embora zorro e lúcido, Nostácius estendeu todos os tentáculos e desceu a Rua Chuelo e seguiu os padrões geraes da leiteratura brazilianista actual. Um empulhador de próstatas passava pelo logar --- minto muito pra não dizer palavrório e para não dizer nada - e seguiu Nosvócius pelas imperícias guindadas às bagatelas empasteladas de genialidade, entre veraneios líquidos irresponsáveis, fórmulas escravizadas, campos de estrobérri, nevralgias retrospectivas e demais desenlapeamentos.

Enquanto isso, num bardelima, dois hímens passam em revista as contradicções empostadas, os impasses, as artimanhãs do poder, a exportação do polvo e a injustiça na Nica D’água.

Teustáquius passa numa biga. É o altista, criador de coisas belas, a antena da raça, a porcelândia chinesa, a madre tertúlia lutando contra a mesmice das Ruas Chuelos da Cruelritiba. Artychewski foi jogado na arehiena e devorado pelos leomansos paranistas.

A jaunela acesa despintava no peitoril sinedie.

Bêbado, quem me compreenderá?


Escrito por Solda

Nomear um objeto é matá-lo como objeto e transformá-lo em essência, absorver seu ser na palavra.

Blanchot (1907/2003)
O ser da linguagem,
a escritura e a morte:
ressonâncias Blanchot/Foucault

Escrito por Lúcia de Oliveira Santos

http://paginas.terra.com.br/arte/dubitoergosum/simp23.htm

Sabe-se que a máscara do inconsciente não é rígida, mas reflete o rosto que voltamos para ele. A hostilidade confere-lhe um aspecto ameaçador, a benevolência suaviza seus traços. Não se trata aqui de um mero reflexo ótico, mas de uma resposta autônoma que revela a natureza independente daquele que responde.

Jung (1875/1961)

Assim como são diferentes as funções dos objetos,
assim também são diferentes as funções das palavras.

Wittgenstein (1889/1951)