Buddha
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Coisa: aquilo que de algum modo é: assim coisa pode ser o Deus, uma linha de Paul Klee, um piano de Thelonius Monk, o areal, a xícara, o pão, o medo, o ventilador, a moeda persa, a clavícula, o aqueduto, a música de Mozart, o calabouço, o demônio, o vento, o abismo, a salgada branca espuma, o mantra, o astrolábio, o senhor Buddha. Nenhuma coisa é quando falta a palavra. Somente quando se encontra a palavra para a coisa, a coisa é coisa. Não será essa coisa, o que e como ela é, algo em nome de seu nome? Não se trata de agarrar com a palavra o que já está vigorando, nem de a palavra ser instrumento para a apresentação do que é dado. A palavra nasce no instante em que está sendo respirada: o uso é sua respiração. A coisa: o Deus, uma linha de Paul Klee, um piano de Thelonius Monk, o areal, a xícara, o pão, o medo, o ventilador, a moeda persa, a clavícula, o aqueduto, a música de Mozart, o calabouço, o demônio, o vento, o abismo, a salgada branca espuma, o mantra, o astrolábio, o senhor Buddha: só começa a respirar quando usamos a palavra. A palavra é que dá viço à coisa que, de algum modo, é. A pedra preciosa e delicada da palavra some quando a palavra falta. A palavra é um nada e esse nada é a voz do silêncio: a voz insonora. A voz do silêncio: aquilo que se ouve e não tem som. Aquilo que se ouve e não tem som, o que é? É nossa alma contruída durante o tempo: e alma é dessa matéria indizível: diamante sonoro ou perfume de mulher.



A pintura acima é considerada a que mais se aproxima da verdadeira face do genial músico alemão
Johann Sebastian Bach (1685-1750).
Os 3 grafismos abaixo integram o livro Linhas de Bach na geometria do abandono, de Fernando José Karl. O livro terá cerca de 150 grafismos: cada um deles totalmente inspirado na música de Johann Sebastian Bach (1685-1750).
Escutar Prelude Cello Suite No. 1
http://br.youtube.com/watch?v=LU_QR_FTt3E&feature=related
Intérprete: Rostropovich.

Escutar Mass in B minor “Agnus Dei”
http://br.youtube.com/watch?v=tdLCcQixNvg
Intérprete: Andreas Scholl.
Escutar Toccata & Fugue in d minor
http://br.youtube.com/watch?v=_FXoyr_FyFw&feature=related
Intérprete: Kurt Ison.
Esfinge ao sol, enquanto durmo.
Se eu acordasse agora, então o quê?
Um olho aberto, outro fechado,
a esfinge sonha com meus olhos.
Meus olhos nessa luminância
dos olhos da esfinge de cal.
Meus olhos são alísios, alívios
nos olhos da esfinge no pátio.
Esfinge apagando altas estrelas,
que depois meus olhos reacendem.
E por que esfinge, por que olhos?
Seria mais simples não haver vida
– nenhuma palavra –






