
sábado, 5 de abril de 2008
Estou num museu de arte antiga, seção de restauro. Olho através duma grande janela. É uma praia. É muito escuro, noite cerrada, pequenas ondas vêm para a praia toda negra, coberta de algas e moluscos, espécie de amêijoas gigantescas. Dessas conchas entreabertas saem os bichos propriamente ditos, vermelho-lagosta. São como caranguejos enormes, escarlates. Olho-os com curiosidade mas sem espanto. Porém os bichos vão crescendo, crescendo, vão-se tornando de estatura humana e começam erguendo-se, dançando, entrelaçados. Agora são já ídolos ou estátuas antigas que se abraçam. Então digo: é uma antropomorfização.
Fragmento do livro Anacrusa, de Ana Hatherly
Fragmento do livro Anacrusa, de Ana Hatherly
Ver Merzak Allouache:
o tapa na mulher de turbante.
http://br.youtube.com/watch?v=zR5NPjj2gLY&feature=related
o tapa na mulher de turbante.
http://br.youtube.com/watch?v=zR5NPjj2gLY&feature=related
JARDIM DE INVERNO
O vendaval fustiga as árvores que batem nas vidraças do jardim de inverno do senhor Caligari. Ele fuma erva, sorve líqüido. Uma deusa aquática, que ali está junto ao abajur, dirige-lhe a voz, de modo familiar, para lhe perguntar alguma coisa, algo banal que seja, mas, em verdade, para retê-lo consigo, e sentir a língua escamosa dele na sua pele branca.
Com os dedos hábeis e chuvosos o senhor Caligari ergue a saia da deusa e a violenta ali mesmo entre as plantas do jardim de inverno. Que amor mais escuro, choram árvores da noite – galhos contra muros – árvores que batem cada vez mais fortes na ampla janela envidraçada.
Antes de dobrar a esquina, ela voltou a cabeça, e, na forma do costume, disseram adeus com a mão.
O vendaval fustiga as árvores que batem nas vidraças do jardim de inverno do senhor Caligari. Ele fuma erva, sorve líqüido. Uma deusa aquática, que ali está junto ao abajur, dirige-lhe a voz, de modo familiar, para lhe perguntar alguma coisa, algo banal que seja, mas, em verdade, para retê-lo consigo, e sentir a língua escamosa dele na sua pele branca.
Com os dedos hábeis e chuvosos o senhor Caligari ergue a saia da deusa e a violenta ali mesmo entre as plantas do jardim de inverno. Que amor mais escuro, choram árvores da noite – galhos contra muros – árvores que batem cada vez mais fortes na ampla janela envidraçada.
Antes de dobrar a esquina, ela voltou a cabeça, e, na forma do costume, disseram adeus com a mão.
Mosaico Romano de Raethia
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