quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O epitáfio

de

Seikilos


O epitáfio de Seikilos traz uma “canção de bebida” – inscrita numa estela (pedra funerária), – encontrada em Aidine/Turquia, próximo a Trales. Data, aproximadamente, do século I d.C.

O epitáfio de Seikilos é famoso por ser o mais antigo exemplo encontrado de uma composição musical completa, incluindo notação musical e letra no mundo ocidental. Uma melodia da música grega foi encontrada gravada numa lápide perto de Aidin na Turquia (próximo a Éfeso). Também há, na gravação, a informação de que foi feita, por um certo Seikilos, em oferenda à sua esposa, presumivelmente enterrada no local. Além da composição, foram encontradas estas inscrições:

Eu sou um túmulo, um ícone. Seikilos me pôs aqui como um símbolo eterno da lembrança imortal.

Sobre a letra, transcrita na figura abaixo com o alfabeto grego moderno, há uma linha com letras e sinais que indicam as notas:



A partitura de Seikilos.

Traduzida em notação musical moderna, a canção seria assim:


A melodia do epitáfio de Seikilos.

Caso haja interesse em escutar a notação musical do epitáfio de Seikilos, acesse o endereço da Wikipedia no item Ligações externas:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Epit%C3%A1fio_de_

A seguir uma transliteração das palavras cantadas na melodia e uma tradução para o português:

Hoson zes, phainou

Meden holos su lupou

Pros oligon esti to zen

To telos ho chronos apaitei

Enquanto viveres, brilha

Não sofras nenhum mal

A vida é curta

E o tempo cobra suas dívidas

Há controvérsias sobre a datação dessa lápide (200 a.C. até cerca de 100 d.C). Embora existam exemplos mais antigos de notação musical (Os Hinos Délficos), todos eles são apenas fragmentos. O epitáfio de Seikilos é único a representar uma partitura completa de uma composição, mesmo que bastante curta.

Apesar de ser o exemplo completo mais antigo do ocidente, há outras referências ainda mais antigas no oriente. É preciso recordar o Hino para a entrada do Imperador, originário da China, datado para aproximadamente 1000 a.C. Também há um repertório de fragmentos considerável, tanto no ocidente como no oriente.



Isto não é maconha, mas você pode fumar.

Ares

Não há verdade senão a do desejo. O inconsciente deriva do que é puramente lógico, em outros termos, do significante. Nos curamos ao ouvir, nos significantes

estrela
pedra
vento

pulsão de vida

Clara Whitcomb, 1898

REVELAÇÃO

Esculpido na água viva da constelação --- durante o século I dos linces --- eu, Juliá, moro teu azul de oásis, oásis com cadáveres obcecantes. Moro teu azul de oásis --- dolorido, com esperas soçobradas --- um corpo, um ancoradouro de aparições que são ventanias, depois trevas, porque foi sempre assim a loucura: estarmos aqui de improviso, as frontes apenas aparentes, lágrimas acendidas sob a máscara, nossa febre suave e uma palmeira --- alta como a ressurreição --- inclinada simples e musical na noite clara.

Hilda Hilst na Casa do Sol, 1967.
Desvendar o site oficial de Hilda Hilst

http://www.angelfire.com/ri/casadosol/hhilst.html

Roger Ballen, 2001

"A VIDA, QUANDO OLHADA DE FRENTE, DÁ
VONTADE DE CHORAR".
(Nelson Rodrigues)


600 milhões de pessoas no mundo inteiro vivem em favelas nos arredores das grandes cidades.


No mundo, mais de 300.000 crianças, meninos e meninas, são soldados. Muitos deles têm menos de 10 anos.


Mais de um bilhão de pessoas não dispõe de decentes condições de vida.


Numa catástrofe natural, o número de mortos em países em desenvolvimento é 47 vezes

maior do que em países desenvolvidos.


Metade da humanidade vive com menos de 2 dólares por dia.


1 em cada 5 crianças não vai à escola. Um terço da superfície terrestre sofre de desertificação.

A indústria alimentar gasta 40 mil milhões de dólares por ano em publicidade.


A água insalubre provoca 5 milhões de morte por ano.


A espessura média da camada do gelo ártico passou de 3,2 m na década de 1960 para 1,8 m na década de 1990.


As emissões de CO2 produzidas pelas atividades humanas são responsáveis por mais de 60% do aumento do efeito estufa.


70% da água doce são usados para irrigar a terra cultivada e 80 países, ou seja, 40% da população mundial, sofrem de grave escassez de água.


A população mundial aumenta mais de um milhão de pessoas por semana.


Por ano 500.000 crianças ficam cegas por falta de vitamina A.


Para fabricar um computador são necessárias 8 a 14 toneladas de matérias primas não recicláveis.


40 milhões de pessoas morrem de fome por ano num mundo que produz 356 quilos de cereais por pessoa.


Um em cada cinco adultos no mundo não sabe ler ou escrever. Desses 90% vivem em países em desenvolvimento e dois terços são mulheres.


A quantidade de petróleo consumida em 6 semanas, metade da qual é usada em transporte, teria durado um ano inteiro em 1950.


2 espécies desaparecem por semana no mundo inteiro.


40% da população mundial não têm eletricidade.


Uma em cada três crianças com menos de cinco anos sofre de subnutrição.


No século passado a população aumentou 3 vezes, o consumo de água no mundo aumentou 6 vezes.


20% das pessoas que vivem nos países mais ricos consomem 60% da produção de energia comercializada no planeta.


90% da população mundial nunca fizeram uma chamada telefônica.


O total de despesa militar no mundo atinge 794 bilhões de dólares e a ajuda pública ao

desenvolvimento totaliza 58 bilhões de dólares.


Eurípides (484 a.C. ?-406 a.C.)

O FINAL

DE UM CORO

DE EURÍPEDES

Os livros da Biblioteca de Alexandria – na calada da noite –, conversam entre si no incessante risco que é existir nessa biblioteca que será incendiada amanhã. Aqui misturam-se as histórias de uns livros com as de outros e, como divindades que deliram, os livros aguardam serem lidos.

Eu confesso que, às vezes, também penso que sou uma divindade que delira nos corredores da Biblioteca de Alexandria. Na verdade não sou divindade, talvez um monge copista. Chegou ontem, ao diretor da biblioteca, um pergaminho sujo com os dizeres escritos a carvão: “O livro perdido de Tácito”. Eu o copiei cinco vezes; é um breve opúsculo. Cinco horas da tarde – aqui estou – e a Biblioteca de Alexandria ainda não foi incendiada pelo califa Omar.

Eu durmo num dos cômodos da biblioteca. Cada copista tem direito a um quarto rústico: copo d’água, livro de orações, rosário.

Quem não se cuide acaba enfermo pulmonar, tanto é o frio que silva nas galerias, entre as prateleiras repletas com 800 mil obras raras. Indizível a melancolia que paira nesse lugar e vou andando – há lugares onde nunca entrei –, vou andando com o candeeiro na mão, avisto à esquerda a porta que dá para o vestíbulo ensombrado. Dentro dele duas estantes com livros empoeirados; os títulos são interessantes, alguns canhestros, outros grossos e há os finos e, sobre uma cadeira, avisto aquele que dizem ser o mais belo livro do mundo, e se intitula: O final de um coro de Eurípedes.

Gustave Doré (1832-1883)

ORIGEM DA BARCA NAUTIKKON
(Os quatro elementos)


Observo a barca Nautikon
– antiga de matéria –
sob quatro raios:

1. Algo é!
Sensação: Nautikon calcária,
rasa de água, ampliada de secura.

2. O que é?
Pensamento: Nautikon sem imagens,
enodoa o vazio com mais vazio.

3. Devo aceitá-la ou não?
Sentimento: Nautikon, aceito-a,
eficácia nua, mais silêncio que fogo.

4. De onde e para onde vai?
Intuição: Nautikon vem da exatidão que a construiu.
Não vai, permanece no ar.

Édouard Boubat

A EXISTÊNCIA DAS ILUSÕES

Por tanta coisa havida e sonhada,
uma beleza verga a árvore de ilusões.


Oldsmobile Door Sedan, 1952.