quinta-feira, 9 de setembro de 2010





Não escutar a obra-prima de John Cage:
4'33''
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http://br.youtube.com/watch?v=HypmW4Yd7SY&feature=related




Leni Riefenstahl, 1937


As jovens tatianas


Sonhos iam e vinham, protegidos à sombra de um sicômoro bravio e retorcido pelo constante vendaval que grassava por aquelas plagas. Que misteriosas as duas jovens tatianas com flores de manga em torno do fino pescoço, as duas nadando em torno da barca abandonada à orla. O casco lateral furado, quilhas enferrujadas, mastros decaídos. Havia algo de sinistro naquele antigo navio que balouçava junto ao capinzal à beira-mar.

Uma das jovens tatianas nadava mais rápido que a outra, e trazia dentro da tanga conchas azuis, mostrava ao vento e ao céu, dentro da água, o feitiço de sua nudez queimada de sol. O que ela pronunciava podiam ser palavras que indicavam algo para a outra ver.

As palavras da outra jovem tatiana seriam as mesmas do idílio; a alma é que era outra, a alma e o longos cabelos negros.

A que nadava mais rápida em torno da barca abandonada era a própria cabeça da chuva, que se emaranhava com as águas do mar grosso; esta não se compunha de deusas nem de versos, mas de gente humana e prosa de sala.