Minhas palavras em sua mente: frias pedras polidas afundando num brejo.
Aqueles frios dedos serenos tocaram as páginas imundas e lindas, onde minha vergonha vai brilhar para sempre. Frios dedos serenos e puros. Será que nunca erraram?
Seu corpo não tem cheiro: flor inodora.
Nas escadas. Uma frágil mão fria: timidez, silêncio: olhos escuros lânguidos e líquidos: cansaço.
Turbilhões de vapor sobre o banhado. Seu rosto, como estava cinza e solene! Emaranhados cabelos úmidos. Seus lábios apertam suave, o hálito sofredor se solta. Beijada.
Suaves lábios chupando beijam minha axila esquerda: um beijo serpente em minhas veias miríades. Fervo! Me retorço como uma folha que queima! Da minha axila direita salta um dente de fogo.
Uma coberta estelar me beijou: uma gélida serpente da noite. Estou perdido!
--- Nora! ---
Despreparo. Um apartamento nu. Nojenta lua do dia. Um grande piano preto: túmulo da música. Equilibrado em sua borda um chapéu de mulher, com flores vermelhas, o guarda-chuva, fechado: seu brasão: capacete, escarlate, e lança sem ponta sobre um fundo preto.
Dedicatória: me ame, ame meu guarda-chuva.
Fragmentos da novela Giacomo Joyce, de James Joyce, em tradução de Paulo Leminski.
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