sexta-feira, 27 de junho de 2008

Miró



Isto não é maconha, mas você pode fumar.

Sócrates (470 a.C. — 399 a.C.)

Dominique Rose



O dáimon.

Dáimon ou daemon é um tipo de ser que em muito se assemelha aos gênios da mitologia árabe. A palavra dáimon se originou com os gregos da Antigüidade.

No entanto, ao longo da História, surgiram diversas descrições para esses seres.

A descrição original grega os conecta aos elementos da natureza. Assim, há dáimons do fogo, da água, do ar, da terra etc. Seu temperamento liga-se ao elemento que o origina. Não se fala em "bem" ou "mal". Um mesmo dáimon pode apresentar-se "bom" ou "mau", conforme as circunstâncias.

Os cristãos, no entanto, utilizando-se de maniqueísmo, dividem todas as coisas em "bem" e "mal". Assim como Javé representa o "bem", tudo o que possa não estar com ele, estará, necessariamente, contra ele, ou seja, do lado do "mal". Dáimons, portanto, a partir da compreensão cristã, foram interpretados como parte do "mal".

Um aspecto da espiritualidade de Sócrates é sua experiência de uma presença divina dentro de si — o dáimon, como ele o chamava. Essa presença sempre advertia Sócrates quando ele estava para fazer algo não apropriado e ficava em silêncio se ele estivesse no caminho correto.

Sócrates sugere que os dáimons são filhos de pais divinos e humanos, ou seja, são semideuses e, como tais, situam-se entre o divino e o mortal.

É interessante que a sociedade cristã mais tarde veio a considerar todos esses espíritos como "maus". A palavra "demônio" é derivada do grego dáimon. Na Grécia clássica, entretanto, os dáimons podiam ser benéficos, como é o caso do dáimon que inspirava Sócrates desde sua infância.


Sócrates disse que o
dáimon sempre o avisou de perigos e de mau juízo, mas nunca direcionou suas ações.

Morris Rosenfeld



Isto não é maconha, mas você pode fumar.

Münch (1875-1940)

As duas jovens tatianas com flores de manga em torno do fino pescoço, as duas nadando em volta da barca abandonada à orla. O casco lateral furado, quilhas enferrujadas, mastros decaídos.


Há algo de sinistro na antiga barca que balouça junto ao capinzal à beira-mar.


Uma das jovens tatianas nada mais rápido que a outra, e traz dentro da tanga conchas azuis, mostra ao vento e ao céu, dentro da água, o feitiço de sua nudez queimada de sol. O que ela pronuncia poderiam ser palavras que indicam algo para a outra ver.


As palavras da outra jovem tatiana seriam as mesmas do idílio; a alma é que é outra, a alma e os longos cabelos negros.


A que nada mais rápida em volta da barca abandonada é a própria cabeça da chuva, confunde-se nas águas do mar grosso; esta não é deusa nem santa, mas gente humana e confidencia segredos em prosa de sala.