
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
MEDITAÇÃO DO CALIFA OMAR
SOBRE ALEXANDRIA (640 d.C.)
Com seu periscópio de concha o califa Omar
perscruta a baía de las Gavenas,
em Alexandria.
O caminho do poeta não é o do silêncio,
mas o da luxúria.
As ondas nunca ociosas na baía de las Gavenas.
O califa Omar, neste ano de 640 d.C.,
escreve numa das paredes do Palácio Real
que o princípio de toda
poesia
é suprimir masmorras,
leis da razão: na pedra gasta infiltrar a phantasia:
e nos conduzir ao caos originário.
SOBRE ALEXANDRIA (640 d.C.)
Com seu periscópio de concha o califa Omar
perscruta a baía de las Gavenas,
em Alexandria.
O caminho do poeta não é o do silêncio,
mas o da luxúria.
As ondas nunca ociosas na baía de las Gavenas.
O califa Omar, neste ano de 640 d.C.,
escreve numa das paredes do Palácio Real
que o princípio de toda
poesia
é suprimir masmorras,
leis da razão: na pedra gasta infiltrar a phantasia:
e nos conduzir ao caos originário.
UMA LINHA DE HOKUSAI
NA PRAIA BRANCA
Aqui o relógio de Anton Saupp
aqui os lençóis molhados de mar
aqui a enciclopédia do salmão
aqui a ilegível nuvem e o coqueiro
aqui o líquen na língua
aqui as cinzas de Picasso
aqui o piscar do Espírito
aqui o cabúqui enquanto durmo
aqui uma linha de Hokusai na praia branca
aqui o adágio atravessa o muro
aqui a língua do salmão
aqui as cinzas do espírito
aqui a nuvem equilibra o líquen
aqui a enciclopédia do cíclope
aqui o caqui ao lado do cabúqui
aqui a linha do trem é invisível
aqui o mar é de lençóis
aqui o açúcar não se molha no chuveiro
aqui a sombra de Johann Sebastian Bach
aqui o adágio atravessa o muro
NA PRAIA BRANCA
Aqui o relógio de Anton Saupp
aqui os lençóis molhados de mar
aqui a enciclopédia do salmão
aqui a ilegível nuvem e o coqueiro
aqui o líquen na língua
aqui as cinzas de Picasso
aqui o piscar do Espírito
aqui o cabúqui enquanto durmo
aqui uma linha de Hokusai na praia branca
aqui o adágio atravessa o muro
aqui a língua do salmão
aqui as cinzas do espírito
aqui a nuvem equilibra o líquen
aqui a enciclopédia do cíclope
aqui o caqui ao lado do cabúqui
aqui a linha do trem é invisível
aqui o mar é de lençóis
aqui o açúcar não se molha no chuveiro
aqui a sombra de Johann Sebastian Bach
aqui o adágio atravessa o muro
ESTA É A CONFIANÇA QUE TEMOS EM DEUS:
SE LHE PEDIMOS ALGUMA COISA
SEGUNDO A SUA VONTADE,
ELE NOS OUVE.
(1 João 5, 14)
Pés de ouro equilibram-se em peixes.
Inciput erat verbum: no princípio era a palavra.
A palavra é clarabóia
sobre o pensamento escuro.
Jesus cita as antigas escrituras
para sugerir que somos deuses.
Na fonte fria lavar cabelos,
lavar cabelos na fonte fria.
Pés de pluma equilibram-se em águas.
Tenho confiança em Deus
e a Ele peço três coisas segundo a Sua vontade:
– a força da criança
– a força da poesia
– a força da música
SE LHE PEDIMOS ALGUMA COISA
SEGUNDO A SUA VONTADE,
ELE NOS OUVE.
(1 João 5, 14)
Pés de ouro equilibram-se em peixes.
Inciput erat verbum: no princípio era a palavra.
A palavra é clarabóia
sobre o pensamento escuro.
Jesus cita as antigas escrituras
para sugerir que somos deuses.
Na fonte fria lavar cabelos,
lavar cabelos na fonte fria.
Pés de pluma equilibram-se em águas.
Tenho confiança em Deus
e a Ele peço três coisas segundo a Sua vontade:
– a força da criança
– a força da poesia
– a força da música
LES BAINS DE CARACALLA
Sonhei tanto, sonhei tanto,
que não sou mais daqui.
León-Paul Fargue
Às águas da piscina de Caracalla levo a alma,
– na piscina nadam cinco Danaides –,
levo a sede às cacimbas.
Com pureza entro na barca do pensamento;
agora sei que as Danaides
é que arejam a língua da piscina.
Há dentro de mim uma água que não existe.
Há uma fonte além do vento e da morte:
nela água é humilde.
A cisterna que a contém recende
a um acorde de pólen.
A música é haste de gramínea
entre os cabelos das Danaides.
Esqueci minha língua de piscina
no tímpano de uma delas – a com o leque.
Sonhei tanto, sonhei tanto,
que não sou mais daqui.
León-Paul Fargue
Às águas da piscina de Caracalla levo a alma,
– na piscina nadam cinco Danaides –,
levo a sede às cacimbas.
Com pureza entro na barca do pensamento;
agora sei que as Danaides
é que arejam a língua da piscina.
Há dentro de mim uma água que não existe.
Há uma fonte além do vento e da morte:
nela água é humilde.
A cisterna que a contém recende
a um acorde de pólen.
A música é haste de gramínea
entre os cabelos das Danaides.
Esqueci minha língua de piscina
no tímpano de uma delas – a com o leque.
O RASTRO
Se ali o céu, acúmulo de ar, ourografia nebulosa,
água corrente o céu – via régia –
linguaviagem em direção ao sabre lúcido,
à prosa da piscina vista do belvedere.
Ouçamos, pois, como soa o céu:
sem anular o sonho, antes o vivifica.
Se o céu parece comum,
é porque não o vimos ainda.
Despojar a palavra da palavra,
confessá-la em música.
O céu passou, mas o rastro do céu,
fixo nesta matéria fina de toda certeza
– a palavra –
permanece ao alcance do sopro
que a língua da tempestade cura.
Se ali o céu, acúmulo de ar, ourografia nebulosa,
água corrente o céu – via régia –
linguaviagem em direção ao sabre lúcido,
à prosa da piscina vista do belvedere.
Ouçamos, pois, como soa o céu:
sem anular o sonho, antes o vivifica.
Se o céu parece comum,
é porque não o vimos ainda.
Despojar a palavra da palavra,
confessá-la em música.
O céu passou, mas o rastro do céu,
fixo nesta matéria fina de toda certeza
– a palavra –
permanece ao alcance do sopro
que a língua da tempestade cura.
BANHISTA DE VALPINÇON
Cavaleiros negros,
cavaleiros negros com sóis tatuados no peito,
cavaleiros negros cortam a cabeça
da banhista de Valpinçon,
arremessam ao ar.
Cabelos e olhos entre nuvens.
Cavaleiros negros batucam o tambor,
que já não pode ser ouvido pela cabeça
arremessada ao ar,
alta,
entre nuvens,
– rememorando ancestrais –
uma cabeça no azul gelado.
Cavaleiros negros,
cavaleiros negros com sóis tatuados no peito,
cavaleiros negros cortam a cabeça
da banhista de Valpinçon,
arremessam ao ar.
Cabelos e olhos entre nuvens.
Cavaleiros negros batucam o tambor,
que já não pode ser ouvido pela cabeça
arremessada ao ar,
alta,
entre nuvens,
– rememorando ancestrais –
uma cabeça no azul gelado.
REVELAÇÃO
Esculpido na água viva da constelação
– durante o século I dos linces –
eu, Juliá, moro teu azul de oásis,
oásis com cadáveres obcecantes.
Moro teu azul de oásis
– dolorido, com esperas soçobradas –
um corpo, um ancoradouro de aparições
que são ventanias, depois trevas,
porque foi sempre assim a loucura:
estarmos aqui de improviso, as frontes
apenas aparentes, lágrimas
acendidas sob a máscara, nossa febre suave
e uma palmeira – alta como a ressurreição –
inclinada simples e musical na noite clara.
Esculpido na água viva da constelação
– durante o século I dos linces –
eu, Juliá, moro teu azul de oásis,
oásis com cadáveres obcecantes.
Moro teu azul de oásis
– dolorido, com esperas soçobradas –
um corpo, um ancoradouro de aparições
que são ventanias, depois trevas,
porque foi sempre assim a loucura:
estarmos aqui de improviso, as frontes
apenas aparentes, lágrimas
acendidas sob a máscara, nossa febre suave
e uma palmeira – alta como a ressurreição –
inclinada simples e musical na noite clara.
Caída no lajedo da Casa da Agoa do Chafariz, a velha pronuncia a palavra: Qadós. Um aguar de onda marinha umedece o rosto de Hilda Hilst em decúbito dorsal rente à árvore. Envolta em eflúvios de água de colônia, ela agoniza e não há cítara nem pedra que a ressuscite. Com arraia tatuada em suas costas, com um olho tatuado acima de seu púbis, Hilda espanca com chapéu de chuva uma das janelas da Casa da Agoa do chafariz. Hilda Hilst traz hua cabeleira de limos, chêa de caracois, de michilhoens, ou caramujos e, ao peito, a música e um talim de pelles de enguias. Ainda é tão cedo que Hilda Hilst descerra a cortina de cristal e contempla o vento nas ramas. No altar, as lágrimas da deusa Orín são abandonos da chuva num dos degraus de mármore. Ou a deusa borda lágrimas na tempestade porque não voltarás? O marasmo dessa noite, através das cortinas de contas de cristal, olha para a ode que grafito sobre o dorso do peixe persa.
LUCTANTES VENTOS TEMPESTATES
QUE SONORAS
No mais mineral das profundas prosas altas,
onde a viola de chuva se esconde,
lá onde as piscinas ondulam tempestuosas,
quando o escarcéu das águas se avulta,
lá a voz selvagem e as iguanas sedentas,
lá, na voz, se aclara a palavra nunca vista
e a obsedante garoa rega a pedra da elegia.
No alto-mar de transparente massa cristalina,
quanto mais ao alto-mar de silêncio perto,
mais a voz vai aclarando,
se antiga é a alma que se vislumbra,
assim das profundas mostra claro e radiante
o mineral das prosas altas
que serena o que, nas sedentas, há de árido.
QUE SONORAS
No mais mineral das profundas prosas altas,
onde a viola de chuva se esconde,
lá onde as piscinas ondulam tempestuosas,
quando o escarcéu das águas se avulta,
lá a voz selvagem e as iguanas sedentas,
lá, na voz, se aclara a palavra nunca vista
e a obsedante garoa rega a pedra da elegia.
No alto-mar de transparente massa cristalina,
quanto mais ao alto-mar de silêncio perto,
mais a voz vai aclarando,
se antiga é a alma que se vislumbra,
assim das profundas mostra claro e radiante
o mineral das prosas altas
que serena o que, nas sedentas, há de árido.
CURIOSIDADES
Se você ficar gritando por 8 anos, 7 meses e cinco dias, terá produzido energia sonora suficiente para aquecer uma xícara de café.
O coração humano produz pressão suficiente para jorrar o sangue para fora do corpo a uma distância de 10 metros.
O orgasmo de um porco dura 30 minutos.
Uma barata pode sobreviver 9 dias sem sua cabeça até morrer de fome.
Bater a sua cabeça contra a parede continuamente gasta em média 150 calorias por hora.
O louva-deus macho não pode copular enquanto a sua cabeça estiver conectada ao corpo. A fêmea inicia o ato sexual arrancando-lhe a cabeça.
A pulga pode pular até 350 vezes o comprimento do próprio corpo. É como se um homem pulasse a distância de um campo de futebol.
O bagre tem mais de 27 000 papilas gustativas.
Alguns leões se acasalam até 50 vezes em um dia.
As borboletas sentem o gosto com os pés.
O músculo mais forte do corpo é a língua.
Elefantes são os únicos animais que não conseguem pular.
A urina dos gatos brilha quando exposta à luz negra.
O olho de um avestruz é maior do que o seu cérebro.
Estrelas-do-mar não têm cérebros.
Ursos polares são canhotos.
Seres humanos e golfinhos são as únicas espécies que fazem sexo por prazer.
Este artigo também pode ser lido no blog de Vinícius Alves: www.olhoefolego.blogspot.com
Se você ficar gritando por 8 anos, 7 meses e cinco dias, terá produzido energia sonora suficiente para aquecer uma xícara de café.
O coração humano produz pressão suficiente para jorrar o sangue para fora do corpo a uma distância de 10 metros.
O orgasmo de um porco dura 30 minutos.
Uma barata pode sobreviver 9 dias sem sua cabeça até morrer de fome.
Bater a sua cabeça contra a parede continuamente gasta em média 150 calorias por hora.
O louva-deus macho não pode copular enquanto a sua cabeça estiver conectada ao corpo. A fêmea inicia o ato sexual arrancando-lhe a cabeça.
A pulga pode pular até 350 vezes o comprimento do próprio corpo. É como se um homem pulasse a distância de um campo de futebol.
O bagre tem mais de 27 000 papilas gustativas.
Alguns leões se acasalam até 50 vezes em um dia.
As borboletas sentem o gosto com os pés.
O músculo mais forte do corpo é a língua.
Elefantes são os únicos animais que não conseguem pular.
A urina dos gatos brilha quando exposta à luz negra.
O olho de um avestruz é maior do que o seu cérebro.
Estrelas-do-mar não têm cérebros.
Ursos polares são canhotos.
Seres humanos e golfinhos são as únicas espécies que fazem sexo por prazer.
Este artigo também pode ser lido no blog de Vinícius Alves: www.olhoefolego.blogspot.com
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