terça-feira, 30 de junho de 2009

Em busca do tempo perdido


Paul Outerbridge

Waterford Glass Vase
1924



Ron van Dongen, sem data


Isto não é maconha, mas você pode fumar.

Sem Céphas, 1900



Esperar na estação de trem a essa moça tão depressiva, que maquia defuntos para apaziguar os pensamentos de um dia.

Kelly Thomas

Pequeno

Festival

de Cinema

do blog Nautikkon

Os Irmãos Lumière

Os franceses Auguste (1862 -1954) e Louis (1864- 1948) são responsáveis pela primeira exibição pública de uma imagem em movimento (em 1895) e, por isso, são considerados, muitas vezes, como sendo os fundadores da Sétima Arte. Suas fitas mostravam acontecimentos comuns: operários saindo da fábrica em Lyon/França; ondas agitando-se no mar etc. Em 1896 inauguraram a primeira sala de projeções cinematográficas na Rússia.

Dezesseis dos mais importantes cineastas do mundo reverenciam os Irmãos Lumière com filmes de aproximadamente 55 segundos.

Ver Merzak Allouache.

http://www.youtube.com/watch?v=BlTHzXywvDA

Ver David Lynch.

http://www.youtube.com/watch?v=2zZ7X-MoeCM&feature=related

Ver Abbas Kiarostami.

http://www.youtube.com/watch?v=on7LRM6ehPc&feature=related

Ver Cédric Klapisch.

http://www.youtube.com/watch?v=-4U2P9c4TLc&feature=related

Ver Youssef Chahine.

http://www.youtube.com/watch?v=kX_gqLB6dME&feature=related

Ver Gaston Kaboré.

http://br.youtube.com/watch?v=K-VU5Fb6TOM&feature=related

Ver Claude Lelouch.

http://br.youtube.com/watch?v=iQZGtWPWb4U&feature=related

Ver Peter Greenaway.

http://br.youtube.com/watch?v=VJipYEaTiAU&feature=related

Ver Nadine Trintignant.

http://br.youtube.com/watch?v=wdM00OAfbLE&feature=related

Ver Jaco von Dormael.

http://br.youtube.com/watch?v=QZzO4fcn3cw&feature=related

Ver Andrei Konchalovsky.

http://br.youtube.com/watch?v=y-yiUT-UGxI&feature=related

Ver Alain Corneau.

http://br.youtube.com/watch?v=8MOJMviIIgs&feature=related

Ver Jacques Rivetti.

http://br.youtube.com/watch?v=n1eEMkjuAh4&feature=related

Ver Claude Miller.

http://br.youtube.com/watch?v=lt54rMCFg40&feature=related

Ver Raymon Depardon.

http://br.youtube.com/watch?v=GjOzuTix3Fo&feature=related

Ver Wim Wenders.

http://br.youtube.com/watch?v=VsL7lXTvEWw&feature=related

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Henri Cartier-Bresson, sem data

você é dente de sabre
eu não, eu sou abre-te sésamo
o meu pecado mora ao lado
o meu pecado é passar a língua
ali onde plantas e peixes
sabem mais que santos
ali chupo pequena uva mas parece
uma
chuva

este poema é pra ser
um peixe de escamas de prata
estirado na cama vazia
um peixe sou na cama fria
se não vens
nessa noite chuvosa
sou
um
peixe
que
apodrece
com
uma pérola entre os dentes

pedi água para beber
à tua bola de cristal
à tua pele pedi
que respingasse
na pele que lavo
absorto
para sempre absorto
nos mil dias de orvalho
que guardas entre as coxas

Shirin Neshat, 1993

a intervalos

como se nascido do vento

o velho moinho

remói o vazio

ponho os pés ali

não no vazio

mas no tapete persa do vento

e

se flutuo

no vento persa

do tapete

não morro

antes evaporo

pra chover depois

em secas folhas de árvores

enquanto chovo

Shiva desperta

e repete pra que eu ouça:

toda palavra é um veneno

e o poema

antídoto

extraído da própria palavra

Bradford Washburn, 1945



no oco búzio

o vazio se refaz

infatigável


sexta-feira, 19 de junho de 2009

Duane Monczewski, 1992

É sempre o mesmo fingimento, o igual cadáver adiado, a sempre mente dispersa. Aqui estou, ressuscitado, Eu – Schopenhauer – e, num dos quartos do Paraíso onde respiro, acho um consolo na cannabis que acendi.

A piscina mostra seu abismo azul-claro, – um abismo, um belo abismo: nele mergulho mágoas, vísceras grudentas.

Sem a vertigem eu seria um corvo a crocitar em ramagens. Hilda Hilst, quem diria, mora no quarto contíguo ao meu e me leva a toda parte, dormimos naquele banco do jardim, encharcados d’água desse chafariz fingido; sim, fingido, posto que aqui no Paraíso não há nada, apenas a mente quântica existe aqui e, agora, a tudo inventa, sem nuvens e ressentimentos. Pois este "agora" é o motivo particular e a sina.

Se eu nunca mais morrer, como presumo, sobreviverei no nome desse ventilador que esparze folhas de calêndulas pelas peles cântaras. Sonhas, não? Hilda Hilst faz um gesto negativo:

– Agora, aqui no Paraíso, é que não sonho mais, meu querido. De manhã, é o próprio Deus que me acorda e o Pegasus trepa comigo na cama de chuva, onde trocamos carícias e fumamos a luz invencível.

Para sempre ressuscitado, Eu – Schopenhauer – aprendi que o sol é a sombra do sol e me recuso a molhar os gatos durante a chuva. Tenho outro ar agora: os olhos metidos para dentro vêem pensar o cérebro. Recito um poema para o Deus:

O SOL ESCURO

O homem do calabouço passeia sob o sol escuro:

– Se o sol é a sombra de Buddha,
quem é Buddha, então?

Buddha vaticina:
– Hoje mesmo os teus olhos iluminarão o sol.

O homem do calabouço argumenta:
– Altamente concentrado no unilateral,
jamais serei claro.

Buddha diz ao homem do calabouço:
– Em você é real e claro o que é invisível,
falante de uma fala que é da gramática só uma lasca.