domingo, 2 de dezembro de 2007

Gustave Doré (1832-1883)


A PEQUENA MORTE DOS AMANTES

Em órbitas excitadas os amantes respiram,
sopro e olhos, se consomem na trama da neblina.
Vem a seta entre árvores e os assassinam,
desterrando-os de pedras lisas e galhos,

coroando-os com essa inútil sombra
que é fim e bruta vertigem.
Jazem os amantes, luzes esquálidas na curva do rio,
com os pescoços varados pela seta.

Os amantes residem agora nessa região
de amor sombrio e ramadas que ondulam,
nessa conjuração de novas esferas,

que não os ressuscitam ou ressuscitam apenas
a palavra respiração, envolta em mínima música
e líquidas possibilidades elementais.

Escutar W. B. Yeats recitando Byzantium

http://www.youtube.com/watch?v=zM1O1autuAM&feature=related

Anônimo
A CHINESA DE CABEÇA PARA BAIXO

Penduro a chinesa de cabeça para baixo
depois que a torci, dela vazou água
penduro a chinesa de cabeça para baixo
eu mordo conchas tão finas
a chinesa, de cabeça para baixo,
morde conchas comigo
a brisa esvoaça a frágil chinesa
que não entontece mesmo de cabeça para baixo
eu nem diria que ela respira
eu nem diria que ela é morta
a toalha secando ao vento estival:
a efígie da chinesa na toalha de banho

Will Muray



Ver Nietzsche

http://www.youtube.com/watch?v=alHu-nGqDHY&feature=related

James Hill



Escutar "Nachtlang einer sylversternacht", música de Nietzsche. Escutar fragmentos de "Assim falava Zarathustra".

http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://almadapalavra.vocepod.com/wp-content/uploads/2007/06/nietz-elizabeth.jpg&imgrefurl=http://almadapalavra.vocepod.com/%3Fp%3D6&h=343&w=446&sz=20&hl=pt-BR&start=34&um=1&tbnid=wVyKilUM-S7m9M:&tbnh=98&tbnw=127&prev=

Martin Parr


Chester Michalik


A imagem é meu navio.
Néstor Perlongher