
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Esfinge ao sol, enquanto durmo.
Se eu acordasse agora, então o quê?
Um olho aberto, outro fechado,
a esfinge sonha com meus olhos.
Meus olhos nessa luminância
dos olhos da esfinge de cal.
Meus olhos são alísios, alívios
nos olhos da esfinge no pátio.
Esfinge apagando altas estrelas,
que depois meus olhos reacendem.
E por que esfinge, por que olhos?
Seria mais simples não haver vida
– nenhuma palavra –
seria mais simples não morrer.
A VASILHA DE JACOB BOEHME
O vazio nunca foi pesadelo:
mergulho no escândalo arcaico da noite.
Falham silêncios na hora H,
serenam os espelhos.
A vasilha de Jacob Boehme é de estanho:
meu Reino é deste mundo,
nele sabor da língua e ontem ilusório conversam.
A rã é um recinto,
é desejo e é losna.
Todo o relvado é nada.
Só palavra esta pedra,
avesso da voz da ave:
o espelho que a penumbra oculta,
abandona, o espelho,
um jardim de nenúfares atrás do vento que sonha,
que sonha que não é vento,
que sonha que sempre é,
mas nunca vem a ser,
nem deixa de ser:
o vento sonha que é a palavra vento.
O vazio nunca foi pesadelo:
mergulho no escândalo arcaico da noite.
Falham silêncios na hora H,
serenam os espelhos.
A vasilha de Jacob Boehme é de estanho:
meu Reino é deste mundo,
nele sabor da língua e ontem ilusório conversam.
A rã é um recinto,
é desejo e é losna.
Todo o relvado é nada.
Só palavra esta pedra,
avesso da voz da ave:
o espelho que a penumbra oculta,
abandona, o espelho,
um jardim de nenúfares atrás do vento que sonha,
que sonha que não é vento,
que sonha que sempre é,
mas nunca vem a ser,
nem deixa de ser:
o vento sonha que é a palavra vento.
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