
A casa de Ana Castro de Jesus Leão Beeck
no paraíso que lhe aconteceu.
queima
a ausência irremediável de Ana queima
não pode haver consolo se o adágio cessa
se o vento cessa no meio do mar
queima
nunca mais os pés escalavrados de Ana
não pode haver consolo: os verdes olhos escurecem
se os tímpanos nunca mais escutam o angelus
queima
as janelas fechadas
apenas um metro de mar soube que Ana nunca mais
queima
nunca mais a sombra de Ana pelo chão
nunca mais a voz de Ana que tecia nó de ouro no ar