quinta-feira, 13 de março de 2008

OS POROS FLÓRIDOS (FRAGMENTO)

Os poros flóridos,
gotas de sangue
em flores, espessura
do corpo que morre e
renasce em leito de
nevoeiros, em nuvem,
em sopro, em nébula
de flores, em divina neblina
de limbos e corolas,
no respirar de um deus,
no ar de uma palavra,
entre a palavra-alma,
entre a palma das mãos,
e em renovos velosos, no
veludo dos brotos,
no gozo de teu riso,
em corpo de linguagem.

Rito de esporos no ar vazio
violetas murchas recobrem os lábios,
os lábios abrem outras paisagens
(a morte agora metamorfose):
Vermelhos, tintos, lírios retintos.

(Lusco-fusco de flores, observo
o descenso da noite
iridescente: amores-perfeitos
para o pensamento
ou lírios bravos para o espírito,
e a paisagem escorrendo
pelas hastes de um
relógio de sol.)



Do livro Sol sobre nuvens, de Josely Vianna Baptista

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