BELA JUVENTUDE
A boca de uma moça que há muito jazia
em meio aos juncos
parecia toda roída.
Quando abriram o peito, o esôfago era só buracos.
Acabaram achando num recanto embaixo do diafragma
um ninho de ratos jovens.
Uma das irmãzinhas pequenas morrera.
Os outros viviam do fígado e dos rins,
bebiam sangue frio e tinham
passado ali uma bela juventude.
E bela e pronta foi também a morte deles:
foram jogados todos juntos na água.
Ah, como os focinhos guinchavam!
Poema de Gottfried Benn, traduzido por Mario Luiz Frungillo e Luís Gonçales de Camargo
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