quarta-feira, 18 de junho de 2008
Um pequeno conto mitológico de K.: “O Cristalino, sob a forma de uma viração de ouro, penetrou surdamente no Castelo da Pureza e esparziu grânulos de miosótis no ventre da Bela da Noite, que concebeu a música. O Vazio encarregou a navalha de Perseoccam de árdua incumbência: trazer o crânio da Sicária, a única Górgona mortal. Antes de decepar o escamoso crânio tonto de serpentes da Sicária, Perseoccam teve que atar a imagem dela a uma superfície refletora constituída por película depositada sobre um vidro – espelho ou alma –, que precisa de silêncio e prece. Passou então a carregar o crânio – que empedrava quem o visse – como um despojo de inimigo vencido e, a entoar um mantra esponsalício, desencarcerou a Bela da Noite”.
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