Quis o destino, e possivelmente o deus verde dos hieróglifos, que K. folheasse “Os Manuscritos de Hervum”, enquanto meditava sob leques de palmeira. Na epígrafe de tão renomado manuscrito, depois de algumas xícaras de café, lemos a epígrafe de Anaxágoras: “Chega um momento em que cansamos de tudo: amor, repolho e pôr-do-sol”. Na página 31 dos “Manuscritos...”, Hervum inscreve a linha de frase: “Tenha sempre um peixe à mão, finamente esboçado, que o mar pode que retorne em auras”. Jogo o livro de Hervum pela janela e peço: “Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais. O que adorei até o osso, onde respira? Ido, dissoluto, se estende ar suave acima dos telhados das casas. No Oldsmobile verde-claro da ilusão chega Lucana sem me avisar, mariscando portas d’ouro entre duas ondas do mar. A çankha hindu, sabe-se, afugenta demônios, excita os deuses benévolos. A çankha da respiração de Lucana”. Comentário dela, depois de ter lido a madrugada inteira: “Toda devastação traz em si o germe de seu idílio. Viemos do geena; alguns ainda estão lanhados com as labaredas de lá. O coroado nó de fogo e o jasmim preparam o córrego nupcial”. Lucana ainda sugere: “Nunca esqueça de quassar a raiz das cactáceas no areento”. Eu, K., aqui no meu casarão colonial, à sombra de figueiras, faço girar na vitrola a barca de Duke Ellington nascente.
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