quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Quem viesse pelo lado do mar, veria as costas da Casa de Água, o Jardim de Pedra, a nudez de Lucana. A grave introdução de uma sinfonia de Brahms --- o tumulto dos violoncelos e dos oboés --- que aponta para o renque de altíssimos eucaliptos erguidos verdinegros sobre a vegetação circundante. Lucana escuta Brahms e percebe, a um recanto da Casa de Água, o vaso de cerâmica --- cretense, mediterrâneo --- que amadurece um filete de luz em seu bojudo ventre. Lucana exposta ao sol da varanda da Casa de Água, procura salvar a mensagem da água --- sombra de verdade, apenas --- apura o tímpano, escuta as palavras tontas das lavadeiras e essas palavras cobrem a fonte.
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