quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Então K. sai do quarto e caminha à varanda. Percebe, na enseada, os primeiros movimentos que aparecem ao longe, no ondular de canoas mansamente próximas de cascalhos, canoas abandonadas ali por nativos quase nus. K., durante a tempestade que açoita Villa da Concha, vai ao peitoril da varanda do casarão colonial e lê aos quatro ventos o texto que escreveu em oferenda à santa Teresa de Ávila: “Ela não cultiva pássaros azulados em gaiolas de ouro: rebebe, sim, o encharcar dos brejos. Aí, se acorda, suspende uma folhagem. Sob o chuvoso arco do mosteiro se deu o que se deu – o isto é! – santa Teresa de Ávila avança pela escadaria de pedra para se espiar parada, imersa na luz. Ela respira o sono tempestuoso de lianas durante o vendaval; é o ferrão escuro do escorpião, a cantaria barroca e o sino: queima, com as palavras ferro e brasa, a pele transparente dos anjos”.
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