MARISCO PARA OS DIAS DE VERÃO
Sete ervas
folha de hortelã alho
sumo solar de siri canoa farinha-de-rosca
húmus marinho
marisco erva-cidreira tainha sal
panela-de-ferro cachaça alfavaca
limão galego pimenta-do-reino
cebolinha cortada louça
arroz integral vinho do Porto toalha talher
copo d’água
Comento com Lucana que eu vim a esse bar Gallo del Viento com os três andaluzes tocadores de viola, com a gueixa Yuki, que massageia minha nuca nas horas vagas, enquanto provo figos que surrupiei do quintal do senhor Antônio. Eu vim a esse bar Gallo del Viento e, se Lucana ainda não vislumbrou os andaluzes tocadores de viola e a gueixa Yuki, é porque eles cultuam a timidez, rigorosamente invisíveis. No bar Gallo del Viento alguém lava os copos engordurados, dos quais clientes sorveram o sumo azedo de cervejas. O homem é a sombra de um sonho tempestuoso e cálido e, no íntimo, tenta evitar a submissão à sintaxe vulgar e rígida. Sabe-se que água enferruja as proas de barcas e todo o resto. K. confessa: “Da cacofonia fiz um instrumento que clareia cães cabisbaixos, covas, que clareia a luz suja de Villa da Concha”. K. revela: “Li num pergaminho de astrofísica antiga que --- à página 61 de qualquer livro --- há um grego que súbito vira para trás e nos coloca na palma da mão uma pérola de ouro”. K. e Lucana marcam encontro para um outro dia.
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