Na caixa com areia ali se enfia, à sombra dos ramos do muro, o gato mourisco. Lucana philosopha: “A música de Bach é uma árvore barroca que cresce com os ventos”. K. costuma chamar a Casa de Água de Templo de Khajuharo --- e sabe que ali, nesse templo metafórico, dançam ventanias; ventanias que nunca poderíamos esculpir na pedra --- pedra que floresce calma e pensativa. No Templo de Khajuharo --- ou Casa de Água ---, a atividade da noiva Lucana sopra os pingos dos ís. Se à meia-noite vai ou não à Missa do Domingo de Ramos, se escuta o sopro renascentista ou lhe trazem um jarro que vaza água, isso pouco importa. O que deseja Lucana, quando anda de lá para cá em seu simulacro de templo, é fumar a fruta das plantas e, minuciosa, investigar essa luz vinda do alto, pela telha de cristal, uma luz de aquário, simples, verdosa, acalmada pelo silêncio. E se em copo de vidro bebe o vinho forte e negro, é porque aqui, no Templo de Khajuharo, ela pode ver e escutar, contra o muro gretado, a árvore barroca que cresce com os ventos.
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