Não há verdade senão a do desejo.
O inconsciente deriva do que é puramente lógico, ou em outros termos, do significante.
Nos curamos ao ouvir, no significante, pulsão de vida.
Segundo Saussurre, "o significante é uma realidade psíquica construída por uma imagem acústica".
Exemplo 1: xícara.
Exemplo 2: búfalo.
Exemplo 3: faca.
Palavras tais como: amor, pensamento, alma, alegria, paz não podem ser significantes, posto que não formam imagem acústica.
O significante não é a palavra que se pronuncia ao enunciá-la. Não adianta, portanto, recitar xícara, búfalo, faca.
O significante não é o som da palavra, mas uma imagem acústica que não precisa da voz.
O significante habita o silêncio.
Xícara forma a imagem da xícara e tem um som peculiar
ou acústico: x-í-c-a-r-a.
Búfalo forma a imagem do búfalo e tem um som peculiar
ou acústico: b-ú-f-a-l-o.
Faca forma a imagem da faca e tem um som peculiar
ou acústico: f-a-c-a.
O significante habita o silêncio.
O significante é o inconsciente (ou Deus ou amor ou o fluido integrativo ou o sim) em ação.
No inconsciente só há sim. Não há não no inconsciente.
O inconsciente é sim primordial, fluido integrativo, afirmação: nele não há não.
A não ser que eu deva dizer não ao cansaço, à preguiça, à mentira.
Para finalizar: a via régia, real, para o inconsciente é, para usar uma expressão de Augusto de Campos, uma “linguaviagem”, sempre em direção a outro tempo e a outro lugar, uma micro-língua em vero exercício que não se confunde com as línguas genéricas, coletivas ou convencionais, as quais alimenta e vivifica; ainda que se pareça à língua comum, comunicativa, transgride seus usos, evita suas sintaxes, afeta sua morfologia e redistribui seus valores semânticos.
Este artigo faz parte de um livro que o dono deste blog Nautikkon --- Fernando José Karl --- está escrevendo sobre "A essência da linguagem". O título do livro é "O arqueiro quântico".
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2 comentários:
ôpa,
bela notícia
estamos aqui aguardando
com ansiedade e chuva de madressilvas :)
gostei muito do texto! Explica porquê um Manoel de Barros é tão genial.
ciao!
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