quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Magritte


MINA D’ÁGUA

Sou a sombra da nuvem na pedra,
enquanto arde a rosa na escarpa de mim.
Lavo-me da voz, de qualquer imagem.
À beira da escarpa escuto:

sou a sombra do sol na pedra.
Enquanto chove na rosa,
caio nas águas ribeirinhas que sou.
Teu corpo, meu amor, nas alturas do céu,

clareia as estrelas suspensas.
No repuxo de uma água escondida
– que de teu colo emana furtiva –

esqueço minha cabeça,
seca de tantos dias sem te ver,
cabeça com o fóssil de tua voz.