segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Klavdij Sluban, sem data



A CASA DE VIDRO


Pela primeira vez sozinho no soturno casarão de meus antepassados, não posso abandonar essa barcaça ao vento nem esconder esse corpo que furei a faca nem mijar atrás da canoa nem me esconder do rumor da vida alheia, mas posso olhar a vida de frente e, ao meu olhar, os porcos fedorentos se transmutam em chuvas, chuvas de pérolas no assoalho do soturno casarão de meus antepassados.

Do outro lado da ilha de Pedra eu moro numa pequena casa de vidro; para Walter Benjamin, a suprema liberdade era viver numa casa de vidro. Silêncio, quero passar onde ninguém passou, silêncio.

O corcunda só se corrige na cova.

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