segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Édouard Boubat, sem data




Essa matéria fina de toda a certeza– música do pensamento –
é a palavra,
e com ela pronunciamos o indizível de sermos céu,
pêssego,
caligrafia.

Com essa fina matéria de toda certeza
toco a fímbria do ar,
me despedaço sete vezes,
sou menos que o vento,
oração numa varanda,
sou o que eu desejo.

E o meu desejo,
se o pronuncio com essa matéria fina de toda a certeza
– a palavra –
o meu desejo é que acordemos num quarto novo,
alguns cacos pelo tapete,
uma estrela fervente em cada mão.

Um comentário:

marlene edir severino disse...

Entre o desejo e o gesto como atitude, pode haver um oceano de distância

marlene