sexta-feira, 8 de agosto de 2008

VISITA À CASA DE ÁGUA

Lá encontrei várias de minhas culpas,
umas mais velhas, outras mais moças,
e todas ávidas que eu fosse
ao quarto escuro adormecer

na alma sóbria de um copo d’água,
na alma extinta de Georgia O’Keeffe,
que sempre me pareceu
a mais lânguida culpa moça.

Entre as culpas velhas,
uma bruxa de mil anos que escurece a sombra.
Esqueci pérola enferrujada na crosta da ostra.

Suntuosa monja com torso de neve,
Georgia O’Keeffe sabe que há uma fonte
além do vento e da morte.

A cisterna que a contém recende
a um acorde de pólen.

Nenhum comentário: