sábado, 7 de junho de 2008

O que pode haver na Torre das meninas húngaras e o que a ode é?, a ode guarda relicários de musgo, reverencia o mistério de haver bosque e eu um abismo no bosque. Pedras de Oxum – ocas – com luz por fora da Torre das meninas húngaras, que a luz de dentro, nunca vista, amadurece outras paragens. Na colina uma ninfa sonha: horror vacui move seus músculos. Uma concha na água: infinito contra infinito. O que pode haver na Torre das meninas húngaras? O que vemos por fora: luz! O que só vemos no fim: x, e uma outra luz já iluminou. A língua mordaz, viperina, de Anaxágoras: “Súbito nos cansamos de tudo: de pôr-do-sol, de repolho, de amor”. Palavras de Quevedo: “Ni ondas ni luciente cristal: agua al fin dulcemente dura”. Havia um príncipe assírio que furava os olhos de seus súditos, e depois os enterrava sob as árvores. Machucado pelo azul forte do meio-dia, o príncipe vacilava entre sombras, sob o guarda-chuva branco que o protegia do sol bebia um copo de absinto com alegria de menino. Oculto na ramagem do que rascunho, respiro metade xamã, metade pesadelo. Rascunho quintal para garças e mar, enquanto o reino nublado, na vigília, se desfolha. O Rei que não existe, quando escuta o aguaçal, recebe o pensamento do aguaçal. Depois vai arrancando de muros rentes ao palácio mil sóis ali avoantes. O que eu sei dos manuscritos do tímpano é que a matéria imaterial faz refém a matéria. No papiro de Stephanos – hermetista do século 7 – a palavra é uma lasca da voz do Rei que não existe, fundida em aguaçal que fia e tece: a fala é então sua luz e singra, íntima do vazio, à bordo da barca Nautikon.

Nenhum comentário: