RÉQUIEM
Para enxugar o sono do enfermo, materializo estrela e vento, lavo louça entre sombras do quintal abandonado. E é pedra gigantesca no peito o sono do enfermo, se o acossa a esfera bravia de inexistir, e ele, mesmo sendo contrário a isso, tem – agora – que cuidar de outras luzes, sob um outro céu, céu sem palavras ou história pessoal, sol na face, peixe perdido, porque o enfermo morreu faz uma hora, sem carícia, café, sem música, sonho, sem uvas, sem Deus, porque para o enfermo bastaria um pano de linho trançado com aquele aroma de infância, bastaria um pano que lhe enxugasse a morte.
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