terça-feira, 4 de dezembro de 2007

O FILÓSOFO MO TSI

Enquanto o filósofo Mo tsi tenta fisgar
as carpas se espelhando no vento,
o milagre rabisca qualquer coisa no caderno de brisa.
Súbito uma carpa carregada pelo vento
entra pela única porta do Templo de Shirakawa.
Os olhos do filósofo, assombrados, fogem na neblina
e Mo tsi, cego, procura o caderno de brisa
embaixo do rio, do córrego, do riacho, do arroio,
na copa das árvores, debaixo da pedra,
nos bares, nos bordéis, nos hospitais,
nas barcas, nos copos de conhaque,
na infância, ah, e na infância encontra
o caderno de brisa com os dois olhos de Mo tsi
desenhados pelo milagre.

Nenhum comentário: