terça-feira, 4 de dezembro de 2007

CEMITÉRIO DO CARIRI

O enterrado, três dias depois, sem ar,
igual peixe com cinco lepras, o enterrado
do cemitério do Cariri é perito
em acordar sem grandes consolos e vigia,

do fundo do coração que já não possui,
vigia que luz angelical é esta que amadurece
nos olhos dos ainda vivos, dos que, mesmo vivos,
parecem enterrados, sem vento

despedaçando nas cabeças,
que levam como cavalos pesados, pesados de não ser
o que sonharam, e o que sonharam era tão pouco,

se comparado com o que ardia na sombra e, às vezes,
os vivos chamavam de transparência, se já não fosse
mulher mergulhando no oceano para esquecer.

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