quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Clitemnestra

Eu afogo Agamênon na banheira e reafirmo o preceito cáustico:
– Não chame Agamênom de feliz, até que ele esteja morto. E agora – morto –, Agamênom está feliz?

Claro que, morto, ele não sabe mais da sombra da oliveira ao meio-dia, e nunca mais fala quando quer falar, nem quando querem que fale. Agamênom discursa às paredes de seu túmulo, coça da perna um verme, pensa, se é que um morto pode pensar, que lá fora ninguém é feliz, mesmo vivo.

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