segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Cortona


CANTILENA MANSA PARA ATRAIR
O JARDIM DE NAFZAUÍ
(Da importância da leitura)

Todo signo sozinho parece morto.
O que lhe dá vida? No uso, ele vive.
Tem então a viva respiração em si?
– Ou o uso é sua respiração?

Wittgenstein


A imagem aí: o jardim de Nafzauí (*).
Uso a imagem do jardim para respirar.
Vem, anjo, prender asa na minha porta,
depois me deixe vazio de negrumes,

para que a ilusão encontre sua orquídea
na ribanceira geométrica do cérebro.
O jardim de Nafzauí – sozinho – imita a morte.
O que o faria ressuscitar dos escombros?

Tento traduzir com mímicas as delícias do jardim.
Não sendo capaz, abro o guarda-sol para que a ninfa
sopre no caderno de linho branco

o que a mantém viva entre as árvores.
Para consolo da ninfa e do jardim algo diz:
quem lê também escreve sob o guarda-sol.

(* ) O jardim de Nafzauí localiza-se no centro da cidade de Bizâncio.

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