sexta-feira, 10 de maio de 2013

Man Ray, 1928

 
Quando eu era pequeno
do tamanho de um grão de arroz,
costumava desaparecer pela porta de um sonho,
porque só no sonho podia encontrar
o coração do fogo.
O grão de arroz
subia no balão desenhado no caderno,
balão que singrava mares, terras longínquas:
nos mares via golfinhos, veleiros imensos,
nas terras longínquas via palmeiras africanas,
vulcões, depois o grão de arroz esquecia de tudo.
Ao adormecer, 
o grão de arroz se cobria de vento e de solidão
e não sabia nada sobre a morte.
O grão de arroz
não conhecia nenhuma das palavras que,
feras mansas, espiavam do dicionário.
O grão de arroz, 
porque confiava na luz,
não quebrava asas contra o muro.

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