Quando eu era pequeno
do tamanho de um grão de arroz,
costumava desaparecer pela
porta de um sonho,
porque só no sonho podia
encontrar
o coração do fogo.
O grão de arroz
subia no balão desenhado no
caderno,
balão que singrava mares,
terras longínquas:
nos mares via golfinhos,
veleiros imensos,
nas terras longínquas via
palmeiras africanas,
vulcões, depois o grão de arroz
esquecia de tudo.
Ao adormecer,
o grão de arroz se cobria de
vento e de solidão
e não sabia nada sobre a morte.
O grão de arroz
não conhecia nenhuma das
palavras que,
feras mansas, espiavam do
dicionário.
O grão de arroz,
porque
confiava na luz,
não quebrava asas contra o
muro.
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