terça-feira, 16 de abril de 2013



Minha amiga,
a palavra a que me refiro não é a palavra em estado de dicionário; a palavra a que me refiro, com reverência, é aquela palavra anterior ao mundo; é a palavra que o primeiro Homem (ou Algo) pronunciou para criar o mundo.

Se pronunciarmos a palavra céu por nós mesmos, o céu morre; contudo, se escutarmos o céu que Algo pronuncia no escuro, é bem verdade que um céu acaba de nascer em nós.

A palavra purifica, clareia, inaugura um mundo novo nisto que convencionaram chamar de "alma".

A palavra é a casa da alma.

A palavra da alma só é desprezada porque ela tem uma pequena aparência.

Quem sabe, depois de mortos, apenas nos reste criar o paraíso com as palavras: aqui a torrente de uma árvore; ali a barca de um vento; lá um adágio perfuma as veias.

Bom é pressentir isto de maneira profunda e não querer mais o mundo, mas aquele outro mundo onde se possa escutar a palavra e, surpresa, a palavra luz é uma luz mesmo."

Karl,
um animal impossível do espírito

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