quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A VASILHA DE JACOB BOEHME

O vazio nunca foi pesadelo:
mergulho no escândalo arcaico da noite.
Falham silêncios na hora H,
serenam os espelhos.
A vasilha de Jacob Boehme é de estanho:
meu Reino é deste mundo,
nele sabor da língua e ontem ilusório conversam.
A rã é um recinto,
é desejo e é losna.
Todo o relvado é nada.
Só palavra esta pedra,
avesso da voz da ave:
o espelho que a penumbra oculta,
abandona, o espelho,
um jardim de nenúfares atrás do vento que sonha,
que sonha que não é vento,
que sonha que sempre é,
mas nunca vem a ser,
nem deixa de ser:
o vento sonha que é a palavra vento.

Nenhum comentário: