quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Quantas palavras, quantas nomenclaturas para um mesmo desconcerto: o que um dia vou saber, não sabendo já sabia: as rachaduras da parede emergem do escuro, enquanto escuto os estremeços das canoas naufragadas: aqui e ali, a única verdade é a dúvida: na casa de minha vó Ana aparecem trepadeiras florescidas, cactos, bambus: lá uma palmeira brota de um pátio, abrindo-se sobre o telhado: e agora, eu, Fernando, num relance insólito, sou esta pura cinza que tenta, ainda, ver o sujo mar: ignoro se a música sabe desesperar da música: se souber, pode que a cinza desespere da cinza e eu possa acordar de novo nessa praia Brava: tomo consciência da manhã no primeiro âmbar dos espelhos vazios, lavrados pelas lágrimas da noite.

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