quinta-feira, 19 de junho de 2008
Vi um funeral tão pobre, que não havia nem mesmo o morto no caixão. Quem vinha atrás chorava. Eu também chorava, sem saber porquê, no meio da névoa. Escuto um fragmento de Miguel Torga: "Casta, orvalhada da mesma frescura que humedecia a fruta nos meus pomares, eu acordava de uma grande noite de sono e de sonho". Sabiam os gregos que o sonho é uma astúcia da vigília. Quando se estilhaça o espelho do significante e se penetra surdamente no evento da palavra.
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