quarta-feira, 9 de abril de 2008

CLITEMNESTRA

Eu afogo Agamémnon na banheira e reafirmo o preceito cáustico:

– Não chame Agamémnon de feliz, até que ele esteja morto. E agora – morto –, Agamémnon está feliz?

Claro que, morto, ele não sabe mais da sombra da oliveira ao meio-dia, e nunca mais fala quando quer falar, nem quando querem que fale. Agamémnon discursa às paredes de seu túmulo, coça da perna um verme, pensa, se é que um morto pode pensar, que lá fora ninguém é feliz, mesmo vivo.

Nenhum comentário: