sábado, 23 de fevereiro de 2008

Um sol de gelo paira a Casa de Água de Lucana. Quando se está escrevendo tudo é ímã. O que eu adoro nela é a ninfa imaterial que ela é, agreste brancura da flor de mandacaru, dançar com ela em sua Casa de Água ou sonhar os olhos de Schaddei, depois rabiscar mares com o visgo em câmera lenta de barcas brancas ou navegar numa paisagem de arrozais no Ceilão. O sonho humano se abrupta nos escolhos. O melhor seria não ter nascido? Lucana lambe, com língua viva, o sal do gramofone. No oráculo, inscrito em sua alma, pode ser lido: eu fui uma Casa de Água. As velhas águas influem como as constelações; mas só os bulbos convivem com as pedras, sem dor. O excesso de não-muro permite que eu contemple:

1. as árvores altas vergadas pelo vendaval
2. os musgos e os besouros do Jardim de Pedra
3. as ninfas jorrando água pelos tímpanos
4. os aquários marinhos do ciúme

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