A PEQUENA MORTE DOS AMANTES
Em órbitas excitadas os amantes respiram,
sopro e olhos, se consomem na trama da neblina.
Vem a seta entre árvores e os assassinam,
desterrando-os de pedras lisas e galhos,
coroando-os com essa inútil sombra
que é fim e bruta vertigem.
Jazem os amantes, luzes esquálidas na curva do rio,
com os pescoços varados pela seta.
Os amantes residem agora nessa região
de amor sombrio e ramadas que ondulam,
nessa conjuração de novas esferas,
que não os ressuscitam ou ressuscitam apenas
a palavra respiração, envolta em mínima música
e líquidas possibilidades elementais.
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