terça-feira, 6 de novembro de 2007

ORAGO DAS CHUVAS

Águas do céu nas oliveiras à sombra de oliveiras.
Na Casa de Água, exposto às chuvas,
o orago transcria para o silêncio
a alma de lagartos no vendaval.

Passar da palavra tosca à palavra clara
é serena operação da brancura,
que não deixa no lençol de ervas bordado
mais do que essa marca d’água.

Esse caldo de águas do céu:
um alento para oliveiras à sombra de oliveiras.
Na Casa de Água o orago é aragem

para as trepadeiras no algibe.
Na garganta um recinto aquático para pássaros,
na garganta palavras que o vazio sopra.

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