ORAGO DAS CHUVAS
Águas do céu nas oliveiras à sombra de oliveiras.
Na Casa de Água, exposto às chuvas,
o orago transcria para o silêncio
a alma de lagartos no vendaval.
Passar da palavra tosca à palavra clara
é serena operação da brancura,
que não deixa no lençol de ervas bordado
mais do que essa marca d’água.
Esse caldo de águas do céu:
um alento para oliveiras à sombra de oliveiras.
Na Casa de Água o orago é aragem
para as trepadeiras no algibe.
Na garganta um recinto aquático para pássaros,
na garganta palavras que o vazio sopra.
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