quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Magritte


O JASMIM NO FRASCO

Duas semanas antes de morrer,
meu avô soprou dentro do frasco transparente.
Frasco com 15x10 cm, na estante da oficina,
vedado a tampo de borracha.

Depois que ficou sob a pedra tumular,
meu avô restou apenas naquele frasco.
Fui ao Cemitério Municipal,
rondei sete sepulturas, benzi pedras e gatos.

Nada.
O velho Wilhelm não estava em nenhum lugar.
Nada.

Com a barca invisível da solitude, retornei à casa.
Pelas ribanceiras jasmins ondulavam.
Um deles cortei do caule, depois o esqueci no frasco.

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