domingo, 11 de novembro de 2007

Gustave Doré (1832-1883)

A BANHISTA E O RINOCERONTE

Uma névoa rósea e palpitante de ninfas
– nereidas, dríadas, oréadas, napéias coleantes, oceânides melodiosas.

Júlio Dantas


Eu sei que a banhista não existe,
mas entre duas ondas do mar a banhista mergulha
e a respiração dela – napéia coleante – se a imagino,
existe junto do pomar e do rinoceronte.

O sono íntimo da talássica nereida me doura.
Sob um muro de Cnossos,
as duas ondas do mar nunca secam,
ressuscitam molhadas no sonho da banhista.

Ossos do rinoceronte secam,
não ressuscitam nunca mais,
como nunca mais ressuscitam o fel e o urinol.

Assim os arcanjos nunca extraviam suas blusas d’água,
a banhista – oceânide melodiosa, napéia coleante –
respira na casa da névoa.

Nenhum comentário: