
sábado, 30 de agosto de 2008
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
O epitáfio de Seikilos é famoso por ser o mais antigo exemplo encontrado de uma composição musical completa, incluindo notação musical e letra no mundo ocidental. Uma melodia da música grega foi encontrada gravada numa lápide perto de Aidin na Turquia (próximo a Éfeso). Também há, na gravação, a informação de que foi feita, por um certo Seikilos, em oferenda à sua esposa, presumivelmente enterrada no local. Além da composição, foram encontradas estas inscrições:
Eu sou um túmulo, um ícone. Seikilos me pôs aqui como um símbolo eterno da lembrança imortal.
Sobre a letra, transcrita na figura abaixo com o alfabeto grego moderno, há uma linha com letras e sinais que indicam as notas:
Caso haja interesse em escutar a notação musical do epitáfio de Seikilos, acesse o endereço da Wikipedia no item Ligações externas:
A seguir uma transliteração das palavras cantadas na melodia e uma tradução para o português:
Hoson zes, phainou
Meden holos su lupou
Pros oligon esti to zen
To telos ho chronos apaitei
Enquanto viveres, brilha
Não sofras nenhum mal
A vida é curta
E o tempo cobra suas dívidas
Há controvérsias sobre a datação dessa lápide (200 a.C. até cerca de 100 d.C). Embora existam exemplos mais antigos de notação musical (Os Hinos Délficos), todos eles são apenas fragmentos. O epitáfio de Seikilos é único a representar uma partitura completa de uma composição, mesmo que bastante curta.
Apesar de ser o exemplo completo mais antigo do ocidente, há outras referências ainda mais antigas no oriente. É preciso recordar o Hino para a entrada do Imperador, originário da China, datado para aproximadamente 1000 a.C. Também há um repertório de fragmentos considerável, tanto no ocidente como no oriente.
Esculpido na água viva da constelação --- durante o século I dos linces --- eu, Juliá, moro teu azul de oásis, oásis com cadáveres obcecantes. Moro teu azul de oásis --- dolorido, com esperas soçobradas --- um corpo, um ancoradouro de aparições que são ventanias, depois trevas, porque foi sempre assim a loucura: estarmos aqui de improviso, as frontes apenas aparentes, lágrimas acendidas sob a máscara, nossa febre suave e uma palmeira --- alta como a ressurreição --- inclinada simples e musical na noite clara.
VONTADE DE CHORAR".(Nelson Rodrigues)
600 milhões de pessoas no mundo inteiro vivem em favelas nos arredores das grandes cidades.
No mundo, mais de 300.000 crianças, meninos e meninas, são soldados. Muitos deles têm menos de 10 anos.
Mais de um bilhão de pessoas não dispõe de decentes condições de vida.
Numa catástrofe natural, o número de mortos em países em desenvolvimento é 47 vezes
maior do que em países desenvolvidos.
Metade da humanidade vive com menos de 2 dólares por dia.
1 em cada 5 crianças não vai à escola. Um terço da superfície terrestre sofre de desertificação.
A indústria alimentar gasta 40 mil milhões de dólares por ano em publicidade.
A água insalubre provoca 5 milhões de morte por ano.
A espessura média da camada do gelo ártico passou de 3,2 m na década de 1960 para 1,8 m na década de 1990.
As emissões de CO2 produzidas pelas atividades humanas são responsáveis por mais de 60% do aumento do efeito estufa.
70% da água doce são usados para irrigar a terra cultivada e 80 países, ou seja, 40% da população mundial, sofrem de grave escassez de água.
A população mundial aumenta mais de um milhão de pessoas por semana.
Por ano 500.000 crianças ficam cegas por falta de vitamina A.
Para fabricar um computador são necessárias 8 a 14 toneladas de matérias primas não recicláveis.
40 milhões de pessoas morrem de fome por ano num mundo que produz 356 quilos de cereais por pessoa.
Um em cada cinco adultos no mundo não sabe ler ou escrever. Desses 90% vivem em países em desenvolvimento e dois terços são mulheres.
A quantidade de petróleo consumida em 6 semanas, metade da qual é usada em transporte, teria durado um ano inteiro em 1950.
2 espécies desaparecem por semana no mundo inteiro.
40% da população mundial não têm eletricidade.
Uma em cada três crianças com menos de cinco anos sofre de subnutrição.
No século passado a população aumentou 3 vezes, o consumo de água no mundo aumentou 6 vezes.
20% das pessoas que vivem nos países mais ricos consomem 60% da produção de energia comercializada no planeta.
90% da população mundial nunca fizeram uma chamada telefônica.
O total de despesa militar no mundo atinge 794 bilhões de dólares e a ajuda pública ao
desenvolvimento totaliza 58 bilhões de dólares.
O FINAL
DE UM CORO
DE EURÍPEDES
Eu confesso que, às vezes, também penso que sou uma divindade que delira nos corredores da Biblioteca de Alexandria. Na verdade não sou divindade, talvez um monge copista. Chegou ontem, ao diretor da biblioteca, um pergaminho sujo com os dizeres escritos a carvão: “O livro perdido de Tácito”. Eu o copiei cinco vezes; é um breve opúsculo. Cinco horas da tarde – aqui estou – e a Biblioteca de Alexandria ainda não foi incendiada pelo califa Omar.
Eu durmo num dos cômodos da biblioteca. Cada copista tem direito a um quarto rústico: copo d’água, livro de orações, rosário.
Quem não se cuide acaba enfermo pulmonar, tanto é o frio que silva nas galerias, entre as prateleiras repletas com 800 mil obras raras. Indizível a melancolia que paira nesse lugar e vou andando – há lugares onde nunca entrei –, vou andando com o candeeiro na mão, avisto à esquerda a porta que dá para o vestíbulo ensombrado. Dentro dele duas estantes com livros empoeirados; os títulos são interessantes, alguns canhestros, outros grossos e há os finos e, sobre uma cadeira, avisto aquele que dizem ser o mais belo livro do mundo, e se intitula: O final de um coro de Eurípedes.
(Os quatro elementos)
Observo a barca Nautikon
– antiga de matéria –
sob quatro raios:
1. Algo é!
Sensação: Nautikon calcária,
rasa de água, ampliada de secura.
2. O que é?
Pensamento: Nautikon sem imagens,
enodoa o vazio com mais vazio.
3. Devo aceitá-la ou não?
Sentimento: Nautikon, aceito-a,
eficácia nua, mais silêncio que fogo.
4. De onde e para onde vai?
Intuição: Nautikon vem da exatidão que a construiu.
Não vai, permanece no ar.
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
O que adorei até o osso, onde respira? Ido, dissoluto, se estende ar suave acima dos telhados da Casa de Água. No Oldsmobile verde-claro da ilusão passa Georgia O’Keeffe mariscando portas d’ouro entre duas ondas do mar. A çankha hindu afugenta demônios, excita os deuses benévolos. Toda devastação traz o germe de seu idílio. O coroado nó de fogo e o jasmim urdem o córrego nupcial. Quassar a raiz das cactáceas no areento. Na Casa de Água, à sombra de figueiras-bravas, a barca de Bach nascente.
Dedico à Paula Mota
Oculto na ramagem do que rascunho, respiro metade xamã, metade pesadelo. Rascunho quintal para garças e mar, enquanto o reino nublado, na vigília, se desfolha. O Buddha que não existe, quando escuta o aguaçal, recebe o pensamento do aguaçal. Depois vai arrancando de muros rentes ao palácio mil sóis ali avoantes. O que eu sei dos manuscritos do tímpano é que a matéria imaterial faz refém a matéria. No papiro de Stephanos – hermetista do século 7 – a palavra é uma lasca da voz do Buddha que não existe, inscrita em aguaçal que fia e tece: a fala é então sua luz e singra, íntima do vazio, à bordo da barca Nautikon.
No extremo sul da praia que apelidamos de a praia dos Insulados, imponente, ele, o leão de vento acorda e vem com a rapidez do raio até onde estou. Corro desesperado até à árvore mais próxima.
Subo na carnaúba, o leão de vento finca as garras de vento no tronco da árvore e, quando vai me destroçar com os dentes de vento afiados, eu acordo com o despertador marcando 7 horas em ponto.
Levanto, mergulho sob as águas do chuveiro, contemplo a íbis nevando no outro mundo enquanto faço a barba com Gillette G2; essas águas do chuveiro são contínuos choros dolorosos de uma deusa que teve o pescoço decepado.
Esse poema foi escrito em reverência à vó Ana, 97 anos.
Cobrir-se com o plânctum da alegria, antes que o langor da preguiça nos olvide entre ceras. O nada da brisa, a perfeição da leveza nesse terreno coberto de bambus. Quantas noites mansas escuto grafadas em tábuas de caligrafia chinesa? Construídas com ossadas de velhos sábios, as tábuas guardam a respiração deles. A caligrafia salva do esquecimento: soluços, amor, relva, idioma de velhos sábios que reverenciam o silêncio nesse terreno coberto de bambus.
Nesse deserto, o que é da turmalina
é da turmalina, sim, como pevides claras
circundadas de dureza natural,
a da pedra que é, turmalina que respira.
A turmalina – silicato complexo – mineral
exposto a crivos pluviais,
e a tantos outros crivos,
também de sombra e areia, de cascos
de camelos e sol alto, sol: concha ardente
que incide no tímpano da turmalina,
tímpano acordado nas dunas desse deserto,
escutando o quê? Talvez o jardim
que se abre sob o areal de Sahel,
e é jardim que não se vê com olhos,
nem com a imaginação,
se adivinha com palavras.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Corôo com minha carne de um lado.
Com o espírito me coroam do outro.
A Danaide assassina me sorve o espírito
ou lava-me em suas conchas remissórias.
Lavo a luz em tua voz antiga.
Sou tão leve.
Ela é a noiva sumidiça.
Sou a embarcação de zéfiros,
cascatas, corvos.
Passo delirante, não fujas,
tez assombrada,
de mim.
Danaide de meu inferno,
eu te amo.
Sacerdotisa almiscarada,
serva do divino oratório,
os pregos de minha cruz são de nuvem.
Eu sou de nuvem.
Ontem,
teus olhos iluminaram o sol.
glossário sânscrito
e alfabeto sânscrito.
http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://usuarios.lycos.es/olghafdez/Budas/sanscrito1.jpg&imgrefurl=http://usuarios.lycos.es/olghafdez/glosario.htm&h=245&w=300&sz=22&hl=pt-BR&start=1&um=1&tbnid=nZ93IxpC5J4VYM:&tbnh=95&tbnw=116&prev=/images%3Fq%3Ds%25C3%25A2nscrito%26um%3D1%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN
Aqui você vai encontrar a origem de muitas palavras que já escutou, mas não sabia de onde vinham.
DE SÃO FRANCISCO DO SUL
Sob o laranjal, sob o vento, sob o sol,
Ana é um arpejo.
Os dedos acordam laranjas:
uma sombra pesa no ar:
− é o pássaro negro!
− é o pássaro negro!
Diz Ana:
“Que o pássaro negro me leve, mas não já”,
depois abraça o laranjal.
De longe, assim abraçados,
nuvens de borboletas.
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
SONETO DA SEPARAÇÃO
AMOR
Qualquer objeto em forma de sino eu amaria, algas cinzas e a palavra marulho eu odiaria. Qualquer pedaço de pano rasgado ou muito usado eu amaria, poleiro de aves sendo sonhado por uma freira eu odiaria. Qualquer cão cujas patas são luniformes eu amaria, ideogramas diacríticos e sinais de pontuação visualmente fixados por símbolos eu odiaria. Qualquer árvore alta com joviais anões tafuis eu amaria, a cabeça de meu pai decapitada na proa da embarcação eu odiaria porque a cabeça de um homem é sagrada, a cabeça de um homem não devia morrer ou, no mínimo, devia ser guardada num cesto com asas.
Pier Angeli estreou no cinema aos 16 anos, em 1948. Revelou-se no filme Amanhã Será Tarde Demais (1950), ao lado de Vittorio de Sica, ainda na Itália. No ano seguinte, ganhou Hollywood com o filme Teresa.
Tinha uma irmã gêmea, a também atriz Marisa Pavan. Submetendo-se à vontade da mãe, casou-se com o cantor de origem italiana Vic Damone. Divorciada de Vic, em 1962 casou-se com o diretor musical Armando Trovajoli.
Foram casamentos conturbados, pois o grande amor de sua vida, na verdade, foi o rebelde James Dean, e só não se casaram porque a mãe dela impediu: James Dean não era católico.
Dezesseis anos depois da morte de James, Pier Angeli foi encontrada morta em sua casa aos 39 anos.