A LÍNGUA DA ALMA
Se a língua da alma é a pluma,
logo se
conclui que a língua do carrasco,
sendo o
contrário da pluma,
é um quarto
escuro onde o morto
deixa cair
larvas das narinas.
Se a língua
da alma, na raiz, é lava vulcânica,
lava
catequiza larvas.
A língua da alma,
para não acordar o sono do vento,
procura
consolos de acalanto para abandonar,
na pedra
fria, a elegia de uma queda d'água
que não pára!
que não pára!
O que na
língua do acaso é exposto
é o que em
mim eu escondo:
não há nada
mais fecundo que o acaso.
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