quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
O vendaval fustiga as árvores que batem nas vidraças do jardim de inverno do senhor Caligari. Ele fuma erva, sorve líqüido. Uma deusa aquática, que ali está junto ao abajur, dirige-lhe a voz, de modo familiar, para lhe perguntar alguma coisa, algo banal que seja, mas, em verdade, para retê-lo consigo, e sentir a língua escamosa dele na sua pele branca.Com os dedos hábeis e chuvosos o senhor Caligari ergue a saia da deusa e a violenta ali mesmo entre as plantas do jardim de inverno. Que amor mais escuro, choram árvores da noite – galhos contra muros – árvores que batem cada vez mais fortes na ampla janela envidraçada.Antes de dobrar a esquina, ela voltou a cabeça, e, na forma do costume, disseram adeus com a mão.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário