UM ANCORADOURO HÁ NA VIDA
COM BARCAS BRANCAS
Estou na cabina da barca que balouça menos.
Tuas asas, bem-amada, lentas espirais
que enraízam em ventos florais.
Estou na cabina da barca orlada de espumas.
Gaivotas e sol alto imersos no silêncio,
porque de sol e silêncio é tua substância
que respira o manancial de brisas vivas.
Carregas teus primórdios na barca branca,
em cuja proa desvendo tua voz com sede
da tranqüilidade que vela o ancoradouro.
Súbito um peixe azul salta das águas,
traz na guelra o teu segredo, bem-amada,
que diz que no sonho, antes de ser pássaro,
és o espírito voador – cintilas a sílfide.
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