O Buddha chamava o vazio de "sunyata", o que é o mesmo que dizer que devemos permitir que o Algo (ou Aquele que é o mais profundo) acerte nossa flecha no alvo: o Algo dispara, o Algo acerta: aprender a ficar sem intenção, mesmo na máxima tensão.
Distraídos venceremos: para que o copo se encha de água nova, é necessário que ele esteja vazio. Para que possamos receber inteiro o pôr-do-sol no coração, é importante que deixemos o pôr-do-sol ser o que ele é; e tem outra: o Algo precisa do nosso pobre coração para existir. E por falar na palavra: repito Shakespeare: "Se a palavra é sopro e sopro é vida".
Sabe porque as pessoas desprezam a palavra? Porque ela tem pouca matéria; você desprezaria o miosótis (que é uma pequena flor) só por seu tamanho?
Se uma palavra produz clarões, é porque na raiz ela é fogo. Uma palavra sempre retorna ao invisível e, ali, neste invisível, ela entra em núpcias com o infinito. Contudo não é à palavra que devemos prestar atenção, mas à vida, ao afeto, que já traz em si uma constelação de palavras.
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