sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Poema de

Carlos Drummond

de Andrade

para Hilda Hilst

Abro a folha da manhã

Por entre espécies grã-finas

Emerge de musselinas

Hilda, estrela Aldebarã.

Tanto vestido enfeitado

Cobre e recobre de vez

Sua preclara nudez

Me sinto mui perturbado.

Hilda girando boates

Hilda fazendo chacrinha

Hilda dos outros, não minha

Coração que tanto bates.

Mas chega o Natal

e chama a ordem Hilda.

Não vez que nesses teus giroflês

Esqueces quem tanto te ama?

Então Hilda, que é sab(ilda)

Manda sua arma secreta:

um beijo em morse ao poeta.

Mas não me tapeias, Hilda.

Esclareçamos o assunto.

Nada de beijo postal

No Distrito Federal

o beijo é na boca e junto.

2 comentários:

Bibliotecária de Babel disse...

Amo esse poema!

N. Rodrigues disse...

Que lindo! Nunca havia lido esse poema antes... O Drummong era mesmo um Don Juan :)