quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A DEFORMAÇÃO ORGANIZADA
DA LÍNGUA COMUM
PELA LÍNGUA POÉTICA

Um riacho de serpentes no cérebro,
um vaso de porcelana com verbenas.
O estranhamento se há cascalho:
aqui as palavras têm plantas.

Fisgo do cristal o inaudível,
alago a música da mente e,
à sombra do salmão ciumento, me recolho.
Imagino que sou neblina de Issa,

neblina vivificante, isca sou
de instrumentos arcaicos que crescem
em plantações protegidas por cercas de bambu:

tarolas, ravanastrões, sambucas,
arquialaúdes, tchés, turlurettes,
magrephas, pandoras, hidraules.

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